quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

“Destruo-me Para Compreender-me “ ~ Franz Kafka






Esqueço-me de tudo, por isso, muitas das vezes, quando escrevo, pouco ou talvez nada tem sentido. São ideias soltas ao imaginário, palavras repetidas a um expoente que eu própria ainda desconheço. Mas apesar desta aritmética ser aplicada a poucos, aqui fica a (não tão) complicada "conta" a que me propus ou, pelo menos, tentei. Sinto-me como que multifacetada, sem ordem consciente de personalidades ou acções, sou um misto de emoções que, como se de fragmentos se tratassem, esporadicamente assombram aqui e ali, revelam-se propositadamente para abalar aquilo que até à altura havia construído. Sim, construo e “construo-me”, por vezes ergo majestosos castelos, outras vezes, monstruosas muralhas (mesmo sem ter nada para proteger), mas, tenho sempre especial atenção aos pilares dessas estruturas. Porque não se alteia nenhum espírito sem primeiro, mostrar-lhe o que pode alcançar, também não se fazem casas sem paredes. Tenho atenção aos materiais com os quais pretendo fabricar estes edifícios imaginários, umas vezes, encontro-os e outras, nem sequer me apercebo que eles estão ao meu alcance. Mas faço-os na mesma, na certeza que aprenderei a arquitectar melhor o que outrora esbocei como perfeito e que, talvez um dia, terei na minha pose tudo aquilo que necessito para estruturar a habitação ideal para mim e para os inúmeros “eus” que pairam por aí.
Porque creio que não sei crer em mais nada do que a inconsciência daquilo que faço, daquilo que proponho e que muitas das vezes, não cumpro, talvez porque planear não seja mais do que esboçar uma meta na qual, muitas vezes, desviamos o caminho, deixamos para trás a hesitação e desbravamos por entre o intimo do que desconhecemos e queremos, instintivamente, explorar.
Tracemos, então, aquilo que nos torna indivíduos, seres, criaturas, coisas viventes com pilares, muralhas e castelos, as nossas bases, os nossos desejos e os nossos triunfos, por assim se dizer.


Boas construções,

Assim me despeço,

Inês•

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